Atenção para o mantra de hoje: castração é um ato de amor.
Nesses cinco anos da minha nobre vida, meus ouvidinhos sensíveis já tiveram que ouvir muita bobagem sobre castração. É um tal de “ah, mas eu queria que minha gata tivesse nenês” ou “ah não, não posso mutilar meu bichinho”, “Ah, mas meu bichano tem que seguir seus instintos”. Meus queridos, se nós gatos falássemos humanês, haveria workshops pelo mundo explicando como nossa vida é incrivelmente melhor quando somos castrados.
Pra começar, nossos instintos de manutenção da espécie só serviam quando ainda não éramos domesticados. Depois que o primeiro egípcio, quanto tempo faz isso, Miriam? Uns cinco mil anos? Pois então, depois que aquele fabricante de papiro resolveu nos colocar pra dentro de casa e garantir nossa alimentação, os instintos foram sendo mudados e, de mais a mais, não me parece que seu bichano será responsável em manter a espécie fora da lista de extinção, não acha?
E como sou uma fonte inesgotável de informação, vou revelar uma coisa sobre a qual minha mãe evitava comentar: o ato da cópula é super dolorido para a fêmea. Praticamente uma sessão de tortura. Pergunte ao seu veterinário. É por isso que as gatas gritam pra valer, não tem nenhum prazer envolvido, pode acreditar!
Por que castrar?
Sei que vocês adoram listinhas, então vou numerar várias vantagens que a castração oferece:
Aumenta a expectativa de vida: Gatos castrados vivem de 15 a 17 anos, enquanto os gatos não castrados vivem, em média, 10 anos. Quer saber por quê? Pois então, vamos aos outros itens.
Evita doenças: Gatos que são castrados ainda jovens diminuem em mais de 90% o risco de doenças ligadas à variação hormonal (como tumores mamários, de útero, ovário, tumores de próstata e testículos), além de eliminar completamente o risco de as fêmeas desenvolverem piometra, uma infecção uterina que é uma das principais causas de morte precoce em cadelas e gatas.
Reduz o stress: A castração diminui consideravelmente o nível de stress do animal dentro de casa, já que seu bichano fica mais tranquilo e relaxado. Se você já leu os outros textos que ditei pra Miriam aqui no blog, sabe que o stress felino pode desencadear um quilo e meio de doenças. Com a castração, as urgências hormonais são eliminadas e, em vez de miar pra chamar todos os machos da região ou roer a tela pra tentar sair a qualquer custo atrás da fêmea que a vizinha não castrou, os objetivos de vida passam a ser: ronronar relaxado na poltrona enquanto você vê sua série preferida, brincar com os ratinhos de tecido que você dá de presente, arranhar a lateral do sofá pra afiar as unhas (sim, queridos, afiar as unhas é atividade necessária e constante - compre um arranhador!).
Afasta ameaças externas: Uma fêmea no cio louca para d.... como direi isso sem usar um termo chulo, Miriam? Digamos... louca para dar vazão aos seus instintos de procriação! Ficou bom? Então, uma fêmea nesse estado ou um macho que sinta o cheiro dessa fêmea são capazes de mirabolantes estratégias dignas de Missão Impossível - e isso inclui fugir quando você abre a porta distraído ou passar por qualquer fresta de tela mal estendida. E, meu caro, se o seu bichano chegar até a rua com os hormônios gritando dentro dele... Ralou-se! Já era! A chance de ele se envolver em uma briga com outro gato é enorme. Sem contar que pode ser agredido, atropelado, pode acabar pegando Fiv ou Felv por ter contato com felinos doentes e pode, inclusive, nunca mais voltar pra casa. Aí, não adianta ficar chorando, a culpa será sua, sim senhor! Peguei pesado, Miriam? É a realidade!
Mudança de comportamento: Esse item talvez não esteja diretamente ligado ao aumento do tempo de vida do seu bichano, mas aposto que é um dos que você mais vai gostar! Sabe aquelas sinfonias de miados escandalosos e desesperados que a sua gata promove todas as noites sempre que entra no cio? Pois com a castração seus problemas acabaram! Ela dorme, e você também. Se o seu bichano é um macho, ele tende a cancelar a demarcação de território (leia-se “xixi por todo o lado”) e esquecer o comportamento agitado e agressivo que toma conta daquele corpo peludo toda a vez que sente o cheiro de uma fêmea no cio em outro andar, em um prédio próximo (nosso olfato é apuradíssimo, não sabia?) ou mesmo abandonada na rua. Outra informação que você vai curtir é que sem os hormônios pra dar aquele sutil toque de odor fortíssimo na nossa urina, o cheiro do xixi suaviza muito depois que somos castrados.
Dicas para seguir após a cirurgia de castração:
É claro que não vou falar de bisturis e sangramentos, Miriam. E eu sou veterinária por acaso? Não tenho como entrar em detalhes técnicos, mas posso dizer, por experiência própria, que o procedimento é simples e, em poucos dias, seu gatinho vai estar completamente recuperado. É só seguir direitinho as orientações do doutor e dar os remedinhos nas horas certas. Ah! E claro, dar sachê também. Muito sachê! Não esqueça disso. Afinal, seu bichano vai estar carente e essa é uma boa hora para mimá-lo como todo o gato merece. Como sei que vocês são viciados em dicas, aí vão três. Simples, mas fundamentais:
1 - Não deixe de usar roupinha cirurgia depois que seu bichano voltar para casa. A roupa ajuda a proteger os pontos, impede que o felino queira lamber o local da cirurgia arriscando abrir a sutura e evita ter que colocar o pavoroso cone da vergonha que acaba com nossa dignidade. Mas lembre-se de tirá-la pelo menos uma vez por dia pra ver se os pontos estão bem fechadinhos e para seu peludo poder fazer xixi e coco mais à vontade. Também troque sempre que ficar suja ou úmida.
2 - Quando escolher a clínica para castrar seu gato, prefira a que oferecer anestesia inalatória. É muito segura e o bichano acorda rapidamente após a cirurgia.
3 – Não acredite no papo furado de que é preciso deixar passar o primeiro cio para castrar. Isso é conversa mole pra boi dormir. Quanto mais cedo o gato for castrado, menor o risco de desenvolver aquelas doenças que listei ali em cima. Então, aos seis meses você já pode marcar a castração sem medo.
Anticoncepcional para gatas:
Agora, quero que você preste muita atenção nas minhas palavras finais! Nunca utilize injeções anticoncepcionais na sua gata! Você leu bem? Eu disse NUNCA. Entenda que isso não é um conselho, é uma ordem que eu como a felina inteligentíssima que sou e responsável por esse blog tenho o direito de dar a você, reles humano mortal. Esse método contraceptivo é uma porcaria. Pronto, falei, Miriam! Sempre causa gravíssimos efeitos colaterais que surgem após os primeiros usos. Estou falando de hiperplasia mamária que é algo superdolorido. E esse é o menor dos problemas. Além do aumento das mamas, pode ocorrer uma piometra, que é uma doença silenciosa que mata por infecção generalizada ou, ainda pior e muito comum, tumores agressivos que vão levar seu bichano pra terra dos pés juntos muito rapidamente. Se você acha que ainda é pouco, o uso contínuo de anticoncepcionais também aumenta a possibilidade de diabete nas gatas. Então, vamos combinar o seguinte: seja um humano esperto e não se deixe enganar se alguém vier com um papinho sem graça tipo “o anticoncepcional é mais barato que a castração”. Na primeira e na segunda aplicação pode até ser, mas o que você vai gastar depois com remédios e internações para seu bichano e terapia pra você lidar com a culpa, faz a castração – que nem é tão cara assim – valer a pena até em termos financeiros.
Se ainda sobrou alguma dúvida, converse com o veterinário do seu peludo. Eu cansei de ditar e vou lá na sacada do flat me atualizar das tretas da vizinhança.
Miau pra vocês.
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