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Foto do escritorKatya Leitzke

Cães e gatos morando juntos (parte II)

Atualizado: 4 de nov. de 2022


Confira a segunda parte da série que ensina a adaptar cachorros e felinos na mesma casa.


Ilustríssimo leitor, a Míriam me forçou a admitir publicamente que deixei o passo a passo pra uma nova postagem só pra testar sua paciência. Bom, foi isso mesmo! Ela me encheu os pacová com Isso não se faz Ayla, que coisa mais feia e blá, blá, blá. O fato é que se você leu o texto anterior e agora está lendo este, a chance de fazer seu cão e seu gato conviverem em harmonia é enorme. Parabéns, você é um humano paciente. Já a Míriam...


Passo a passo para a adaptação


Apresentações visuais imediatas só prejudicam, e muito, o processo de aceitação. Por isso, há uma regra imutável: quem chega SEMPRE vai pro isolamento social, Bem-vindos ao seu mundo, né Miriam? Ou seja, eles não devem se enxergar nos primeiros dias. Guarde sua ansiedade bem guardadinha e vá com o recém-chegado para um ambiente reservado só pra ele. Quer saber quanto tempo ele ficará lá? Mas o que foi que já conversamos sobre paciência? Míriam! Sachê! Rápido! Processos de adaptação não são fórmulas matemáticas, podem demorar poucos dias ou algumas semanas e é bem importante respeitar o tempo e a disposição de cada um. Como sou uma gata impressionantemente didática, Tá rindo do que, Míriam? vou deixar tudo bem numeradinho aqui pra você seguir, ok?





Período de isolamento


1 – Não haverá apresentações iniciais. Como você já sabe, o novo morador vai direto para um ambiente separado, onde já vão estar sua comida, caminha, brinquedos e banheiro.


2 – Nos primeiros dias, você vai trocar paninhos com o cheiro dos moradores não humanos. O gato recebe o pano do cão e o cão o do gato, depois troca e assim por diante. Veja o item 3 das dicas sobre adaptação de gatos onde eu explico isso em detalhes! Assim, eles vão se acostumando com o cheiro um do outro, o que é fundamental para que se dêem bem.


3- Brinque com o cão e com o gato em momentos diferentes, perto da porta fechada que separa os ambientes. Assim vão se escutar, sentir a presença um do outro e já vão se acostumando e se conhecendo ainda antes de se enxergarem.


4 – Nós, gatos, não somos obrigados a nada e pensar que você vai nos adestrar é ser muito tolinho, então, o foco da obediência é o cão, combinado? Quanto mais obediente ele for, mais rápida a adaptação. Nos dias em que estão separados, caso o cão ainda não seja treinado, aproveite para ensinar o básico. Caminhe com ele na guia fazendo-o recuar ou parar de vez em quando, dando leves e rápidos puxões enquanto repete a palavra “não”. Isso vai fazê-lo te obedecer e baixar a bola caso fique muito agitado quando ficar frente a frente com o gato. A que ponto eu cheguei, heim Míriam?! Até aula de adestramento canino eu dou agora. Prepare-se, isso vai te custar uns petiscos extras.


5 – Observe bem os dois. Somente quando o gato se mostrar indiferente aos latidos e cheiros do cão e o cão já não se agitar nas vezes em que o gato chega do outro lado da porta, você pode passar para a próxima fase.


Contato visual


6 – Agora eles vão se ver. Calma, não faça isso de qualquer jeito. Não é só abrir a porta e Voilà! Anote aí: se o gato for o morador mais antigo, o cão é quem sai do isolamento pra ir conhecer seu novo amigo. Se o cão for o morador mais antigo, ele vai até o ambiente do gato. É sempre o cão quem vai até o felino. Isso porque é mais fácil para o gato, lidar apenas com o visual do cão sem o adicional de um ambiente impregnado dos odores caninos.


7- Isso esclarecido, coloque o cão em uma guia, Será que preciso deixar claro que a guia é indispensável, Míriam? e vá com ele até o local onde está o gato. Em hipótese nenhuma prenda o bichano em uma caixa de transporte. Confesse! Você pensou em fazer isso, né? Ah, se não fosse a Ayla na sua vida! Imagine o pavor do gato, preso lá dentro com um cão desconhecido rondando do lado de fora, exalando odores e sons estranhos, sem ter pra onde fugir e sem saber que o outro não vai entrar na caixa. Agora ficou fácil, né?


8 – Com o cão sempre na guia e o gato solto ou no colo de alguém - sem forçar a barra, please! Deixe o bichano à vontade -, você vai permitir que eles se vejam e, se quiserem, se cheirem. Mantenha a guia relaxada e não fique puxando-a a toda a hora. Fale em voz baixa, mas firme, incentive-os a se comunicarem, sem bater palmas, gritar ou qualquer outra gracinha humana. Só ralhe com eles ou puxe a guia caso comecem a se agitar demais.


9 – Não force a aproximação. Quem nunca se viu, não precisa se amar logo de cara, né? Nem nunca, se não quiserem. Lembre-se que o objetivo é convívio e respeito. Nem sempre vão se tornar amigos de infância. De início, se eles se cheirarem sem grandes alardes você pode considerar um bom começo.


10 – Avalie o grau de excitação de ambos. Caso você note que o cão está muito agitado ou o gato muito estressado, é hora de encerrar a visita e levar o cão de volta ao seu ambiente. Sei que tenho que explicar tudo por aqui, então, use um marcador de texto pra isso ficar em destaque: Altos níveis de stress em gatos podem desencadear doenças graves, por isso, não insista nem force a barra. Deixe o bichano aceitar o cão no tempo dele, ok?


11- Você vai passar para a última fase de adaptação apenas no dia em que, tendo contato visual, eles não demostrarem interesse um no outro. Quando eles ficarem indiferentes a presença do outro ou se aproximarem de forma calma e segura, aí sim é hora de deixá-los no mesmo ambiente. Até lá, você vai repetir várias vezes os encontros visuais.





Convívio no mesmo ambiente


12 – Agora sim! Os fofos já se conhecem e já ficam numa boa um com o outro, então você pode organizar o enxoval do novo integrante da família no local que será o definitivo e tcharãn! Liberá-lo para a casa toda.


13 – Mas devagar com o andor. Tenho que dar a real, Miriam. Não sou irresponsável! Não os deixe sozinhos nos primeiros dias. Esse novo convívio deve ser supervisionado. Esteja sempre a postos para intervir caso seja necessário e quando você tiver que se afastar, separe-os novamente.


14 – Mesmo que eles estejam no nível brother de amizade, não permita brincadeiras violentas. Fique atento. Não deixe que o cão confunda o gato com o frango de borracha que você comprou pra ele, nem que o gato resolva praticar MMA no cão. A coisa pode sair do controle e não queremos ninguém na emergência da clínica veterinária, certo?


15 – Caso as brincadeiras comecem a ficar muito brutas, interrompa e desvie a atenção dos dois oferecendo um brinquedo ao cão, ou algum petisco em outro ambiente. Para o gato, ofereça sachê. Aliás, você pode dar sache pro seu gato sempre que quiser acalmá-lo, agradá-lo, fazê-lo associar algum momento a algo bom, ou simplesmente porque felinos que comem sachê todos os dias não querem guerra com ninguém. Pronto! Falei!


16 – Seguindo esse passo a passo e praticando o mantra diário da calma e do equilíbrio, as chances de que tudo corra bem são enormes. Mas lembre-se que nada impede que, a qualquer momento, você zere o processo e o recomece para garantir melhores resultados.





Dicas importantes


E como não podia deixar de ser (sei que já tinha gente rolando a tela pra chegar aqui mais rápido. Tsc, tsc, tsc, lamentável), aí vão mais algumas maravilhosas dicas da Ayla!


AMBIENTE DO GATO - Se quem estiver chegando for o cão, de forma nenhuma o isolamento dele deve ser no ambiente que o gato mais gosta. Durante o período de adaptação, o gato morador deve ter sua rotina e privilégios mantidos e isso inclui seu local preferido. Você não quer que seu gato se sinta traído e comece a dificultar as coisas, certo?


DIAS DE BOM HUMOR - Apresente-os num bom dia. Claro que todos temos dias melhores e piores, Pode parar com o deboche, Míriam. Eu não sou sempre mau humorada, vocês é que me dão trabalho demais! Então, facilite as coisas pra você mesmo. Se está tendo um dia ruim ou notou que um dos dois está mais agitado, estressado, deixe a aproximação visual pro dia seguinte. Ninguém vai morrer, literalmente, se você atrasar a adaptação por 24h. (Nossa! Agora eu fui ótima no trocadilho!)


GATIFICAÇÃO - Quando começarem os contatos visuais, é essencial que o gato tenha para onde correr e se esconder se não estiver a fim de amizades naquele momento, ou caso se sinta acuado. Lembra dos lugares altos, prateleiras, arranhadores, a estante da sala? Pois então! Vão ser as rotas de fuga do gato. Nesses lugares onde o cão não alcança, coloque uma toquinha pro bichano poder se esconder se quiser.


DICA DE OURO - Quer uma dica daquelas que só a Ayla tem pra te dar? (eu devia começar a cobrar por isso...) Se o gato se mostrar muito estressado durante o contato visual, experimente tirar o cão de casa por uma tarde - tratando-se da espécie canina, uma ida ao Pet Shop nunca é uma má ideia - e libere o ambiente dele para que o gato possa explorá-lo. Não force, talvez o bichano relute um pouco no início, mas quando finalmente se aventurar pelo local, vai ganhar mais confiança e perder um pouco do medo.


POTES DE ÁGUA E COMIDA – Os do gato devem ficar em lugares elevados. Isso o ajuda a se sentir mais tranquilo e seguro quando for comer, e evita que o cão coma a ração do gato. Acredite, nossa é milhões de vezes mais gostosa que a deles, por isso, não perdem a oportunidade de zerar nosso pote.


BANHEIROS - Devem ser separados. Gatos são seres superiores que se preocupam em esconder seus detritos e não lidam bem com os cheiros tóxicos produzidos pelos seres inferiores, Tá revirando os olhos porque, Míriam? Eu disse alguma mentira? Então, querido leitor, não mantenha os banheiros muito próximos. A caixa de areia do gato num canto, o tapete higiênico do cão no outro, entendido? Isso vai evitar que seu felino se sinta acuado e vá se aliviar em lugares que você não vai aprovar.


Depois de garantir que você possa fazer tudo certinho, tô exausta. Vou lá dormir com minha melhor amiga nessa casa. Aqui no flat eu mando nos gatos, mantenho os humanos sob controle e cuido da rottweiler Cora, mais a vira-latas Frida, Fridoca, ah! A gente é parceira!


Miau pra vocês.

Fridocaaaa, vem cá. Quer o resto do meu sachê? Sobrou um caldinho no pote.


Frida, 2019.


Tem alguma dúvida sobre como funciona a rotina de um hotel para gatos? Entre em contato conosco, vamos conversar :)


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1 Comment


wandapalma2010
Jan 02, 2022

Achei as dicas ótimas mas tenho uma dúvida: minha cachorra basset dashround está com filhotes e eu adotei uma gatinha com 1 mês e meio que tinha sido abandonada,vc tem alguma dica para facilitar o convívio?

Estou preocupada....

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